terça-feira, 29 de abril de 2008

circus


Eu não sou nenhum insensível... longe disso... essa foi uma das histórias mais tristes dos últimos tempos... totalmente Fugitivo... e as pessoas se perguntam que tipo de pai faz isso com uma filha... a reconstituição é um verdadeiro show... populares gritam e choram... uma boneca com as caracteristicas da pequena Isabella é jogada mas não alcança o chão como a verdadeira em sua hora derradeira... sentiram pena dos 2000 dollares que custou a boneca e quiseram preserva-la prum futuro, que a verdadeira Isabella nunca terá...
Enquanto isso, lula fala que a alta dos alimentos é uma coisa passageira... anuncia descoberta de novas reservas de petróleo, transformando o Brasil no terceiro maior produtor do combustível do mundo... mas por aqui minha gasolina não para de inflacionar... E eu sinto que não devo mais confiar no Lula...
Um circo da fome e dos absurdos... o pai se fudeu, a madrasta se fudeu... a pequena Isabella se fudeu tanto, que não vai precisar se fuder nunca mais... A mãe de tão dopada quase se tornou suspeita... e quando nenhum avião cruza os céus da metrópole, o fantasma de um homem sem braço vê tudo de longe...
só posso desejar sorte e saúde para meus familiares e amigos que vivem no Rio de Janeiro... que nenhum pereça por bala perdida o pelo mosquito da Dengue...

segunda-feira, 28 de abril de 2008

erva buena


Eu tenho tanta coisa pra falar... és o meu estado alterado de consciência... meus olhos enxergam tão além.... diante de ti meu mundo derrete... apresentando tudo tão novo, quase estranho... tão lindo... e as emoções nunca se mostraram banais...minha trilha sonora...lembrança do que ainda vai acontecer... poderia ter acontecido...meu chá, meu insenso, meus sonhos e meu amor...

Carnaval com Delay...


“É um passáro...? É um avião...? Não!!! É a Tropa de Elite, fudeu!!!”



Durante muito tempo eu não entendia o carnaval... até porque pra mim é sempre carnaval o ano inteiro, eu não preciso de motivos e nem datas especiais para falar alto, dar vexame, beber até cair e acordar com um traveco... achava hipocrisia essa nossa sociedade retrógrada e reacionária, uma vez por ano permitir que os cidadãos pudessem cair na putaria... Como eu disse não entendia... Agora entendo, a antropologia abriu meus olhos a psicologia me fez compreender... está no inconsciente coletivo. É o arquétipo do Trickster segundo Carlos Gustavo Jung, sacou? É a putaria que está dentro de todos nós... Agora não só entendo, como defendo um carnaval por mês... Passei anos procurando carnavais alternativos, mas nunca era o que eu esperava... pessoinhas blasés de Brasólia... elite de merda... eu ia para consumir drogas ou as consumia para aguentar toda aquela merda....
Esse ano, mais uma vez, fui pro carnaval de rua de Brasólia... que de perto nem é tão feio quanto parece... e aí tem de tudo... mas como sempre, nossa sociedade esquizóide demonstra o perigo de tanta repressão, no sentido psicanalítico da palavra... um carnaval de rua cheio de famílias e pessoas que estavam matando saudade dos velhos carnavais de suas terras natais... sai o Bloco... repentinamente chega a Tropa de Elite, treinada para controlar rebeliões em presídios, e agir em zonas de guerra... em uma ação completamente excessiva para os padrões do Plano Piloto (sim, porque pelo que dizem na periferia isso é dia a dia). Foi bomba de efeito moral, balas de borracha, cacetada pra todo lado, era idoso correndo e criança chorando... e a folia deu lugar ao terror e ao pânico... Hilário... a policia de brasilia é muito bem treinada, operações especiais, sacou... só que pouco trabalham... ficam no quartel com sangue no olho... bem, carnaval não serve pra isso?!?! Botar as fantasias pra fora... isso demonstra como se manifesta a fantasia de cada um... é o horror...

"o carnaval já passou há meses, isso é um assunto velho, entendeu?"

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Artaud





Para acabar com o julgamento de Deus
Antonin Artaud


TUTUGURI
Rito de Sol Negro



E lá embaixo, no pé da encosta amarga,
cruelmente desesperada do coração,
abre-se o círculo das seis cruzes
bem lá embaixo
como se incrustada na terra amarga,
desincrustada do imundo abraço da mãe
que baba.
A terra do carvão negro
é o único lugar úmido
nessa fenda de rocha.
Rito é o novo sol passar através de sete pontos antes de explo -
dir no orifício da terra.
Há seis homens
um para cada sol
e um sétimo homem
que é o sol
cru
vestido de negro e carne viva.
Mas este sétimo homem
é um cavalo,
um cavalo com um homem conduzindo-0.
Mas é o cavalo
que é o sol
e não o homem.
No dilaceramento de um tambor e uma trombeta longa
estranha,
os seis homens
que estavam deitados
tombados no rés-do-chão,
brotaram um a um como girassóis,
não sóis
porém solos que giram,
lótus d’água,
e a cada um que brota
corresponde, cada vez mais sombria
e refreada
a batida do tambor
até que de repente chega a galope, a toda velocidade
último sol,
o primeiro homem,
o cavalo negro com um
homem nu,
absolutamente nu
e virgem
em cima.
Depois de saltar, eles avançam em círculos crescentes
e o cavalo em carne viva empina-se
e corcoveia sem parar
na crista da rocha
até os seis homens
terem cercado
completamente
as seis cruzes.
Ora, o tom maior do Rito é precisamente
A ABOLIÇÃO DA CRUZ
Quando terminam de girar
arrancam
as cruzes do chão
e o homem nu
a cavalo
ergue
uma enorme ferradura
banhada no sangue de uma punhalada.
A BUSCA DA FECALIDADE
Onde cheira a merda
cheira a ser.
homem podia muito bem não cagar,
não abrir a bolsa anal
mas preferiu cagar
assim como preferiu viver
em vez de aceitar viver morto.
Pois para não fazer cocô
teria que consentir em
não ser,
mas ele não foi capaz de se decidir a perder o ser,
ou seja, a morrer vivo.
Existe no ser
algo particularmente tentador para o homem
algo que vem a ser justamente
COCÔ
( AQUI RUGIDO)
Para existir basta abandonar-se ao ser
mas para viver
é preciso ser alguém
e para ser alguém
é preciso ter um OSSO,
é preciso não ter medo de mostrar o osso
e arriscar-se a perder a carne.
homem sempre preferiu a carne
à terra dos ossos.
Como só havia terra e madeira de ossos
ele viu-se obrigado a ganhar sua carne,
só havia ferro e fogo
e nenhuma merda
e o homem teve medo de perder a merda
ou antes desejou a merda
e para ela sacrificou o sangue.
Para ter a merda,
ou seja, carne
onde só havia sangue
e um terreno baldio de ossos
onde não havia mais nada para ganhar
mas apenas algo para perder, a vida.
reche modo
to edire
de za
tau dari
do padera coco
Então o homem recuou e fugiu.
E então os animais o devoraram.
Não foi uma violação,
ele prestou-se ao obsceno repasto.
Ele gostou disso
e também aprendeu
a agir como animal
e a comer seu rato
delicadamente.
E de onde vem essa sórdida abjeção?
Do fato de o mundo ainda não estar formado
ou de o homem ter apenas uma vaga idéia do que seja o mundo
querendo conservá-la eternamente?
Deve-se ao fato de o homem
ter um belo dia
detido
a idéia do mundo.
Dois caminhos estavam diante dele:
o do infinito de fora
o do ínfimo de dentro.
E ele escolheu o ínfimo de dentro
onde basta espremer
o pâncreas,
a língua,
o ânus,
ou a glande.
E deus, o próprio deus espremeu o movimento.
É deus um ser?
Se o for, é merda.
Se não o for,
não é.
Ora, ele não existe
a não ser como vazio que avança com todas as suas formas
cuja mais perfeita imagem
é o avanço de um incalculável número de piolhos.
"O Sr. Está louco, Sr. Artaud? E então a missa?"
Eu renego o batismo e a missa.
Não existe ato humano
no plano erótico interno
que seja mais pernicioso que a descida
do pretenso Jesus-cristo
nos altares.
Ninguém me acredita
e posso ver o público dando de ombros
mas esse tal cristo é aquele que
diante do percevejo deus
aceitou viver sem corpo
quando uma multidão
descendo da cruz
à qual deus pensou tê-los pregado há muito tempo,
se rebelava
e armada com ferros,
sangue,
fogo e ossos
avançava desafiando o Invisível
para acabar com o JULGAMENTO DE DEUS
A QUESTÃO QUE SE COLOCA...
O que é grave
É sabermos
que atrás da ordem deste mundo
existe uma outra
Que outra?
Não o sabemos.
O número e a ordem de suposições possíveis
neste campo
é precisamente
o infinito!
E o que é o infinito?
Não o sabemos com certeza.
É uma palavra que usamos
para designar
abertura
da nossa consciência
diante da possibilidade
desmedida,
inesgotável e desmedida.
E o que é a consciência?
Não o sabemos com certeza.
É o nada.
Um nada
que usamos
para designar
quando não sabemos alguma coisa
e de que forma
não o sabemos
e então
dizemos
consciência,
do lado da consciência
quando há cem mil outros lados.
E então?
Parece que a consciência
está ligada
em nós
ao desejo sexual
e à fome.
Mas poderia
igualmente
não estar ligada
a eles.
Dizem,
é possível dizer,
há quem diga
que a consciência
é um apetite,
o apetite de viver:
e imediatamente
junto com o apetite de viver
o apetite da comida
imediatamente nos vem à mente;
como se não houvesse gente que come
sem o mínimo apetite;
e que tem fome.
Pois isso também
existe:
os que tem fome
sem apetite;
e então?
Então
o espaço do possível
foi-me apresentado
um dia
como um grande peido
que eu tivesse soltado;
mas nem o espaço
nem a possibilidade
eu sabia exatamente o que fossem,
nem sentia necessidade de pensar nisso,
eram palavras
inventadas para definir coisas
que existiam
ou não existiam
diante da
premente urgência
de uma necessidade:
suprimir a idéia,
a idéia e seu mito
e no seu lugar instaurar
a manifestação tonante
dessa necessidade explosiva:
dilatar o corpo da minha noite interior,
do nada interior
do meu eu
que é noite,
nada,
irreflexão,
mas que é explosiva afirmação
de que há
alguma coisa
para dar lugar:
meu corpo.
Mas como,
reduzir meu corpo
a um gás fétido?
Dizer que tenho um corpo
porque tenho um gás fétido
que se forma em mim?
Não sei
mas
sei que
o espaço,
o tempo,
a dimensão,
o devir,
o futuro,
o destino,
o ser,
o não-ser,
o eu,
o não-eu
nada são para mim;
mas há uma coisa
que é algo,
uma só coisa
que é algo
e que sinto
por ela querer
SAIR:
a presença
da minha dor
do corpo,
a presença
ameaçadora
infatigável
do meu corpo;
e ainda que me pressionem com perguntas
e por mais que eu me esquive a elas
há um ponto
em que me vejo forçado
a dizer não,
NÃO
à negação;
e chego a esse ponto
quando me pressionam,
e me apertam
e me manipulam
até sair de mim
o alimento,
meu alimento
e seu leite,
e então o que fica?
Fico eu sufocado;
e não sei que ação é essa
mas ao me pressionarem com perguntas
até a ausência
e a anulação
da pergunta
eles me pressionam
até sufocarem em mim
a idéia de um corpo
e de ser um corpo,
e foi então que senti o obsceno
e que
soltei um peido
de saturação
e de excesso
e de revolta
pela minha sufocação.
É que me pressionavam
ao meu corpo
e contra meu corpo
e foi então
que eu fiz tudo explodir
porque no meu corpo
não se toca nunca
"POST SCRIPTUM"
Quem sou eu?
De onde venho?
Sou Antonin Artaud
e basta eu dizê-lo
como só eu o sei dizer
e imediatamente
verão meu corpo atual
voar em pedaços
e se juntar
sob dez mil aspectos
notórios
um novo corpo
no qual nunca mais
poderão
me esquecer.


OBS:
Texto-poesias retirados de uma transmissão radiofônica - intitulada "PARA
ACABAR COM O JULGAMENTO DE DEUS" - realizada por Artaud (
como autor e narrador) e por alguns de seus amigos ( Roger Blin, Marie
Casarès e Paule Thévenin) que além de narrarem o ajudaram na produção dos
efeitos sonoros durante a transmissão.

um trecho do saramago



...Jesus anunciou numa voz firme,
Vou-me embora. Pastor parou, olhou-o sem mudar de
expressão, apenas disse, Boa viagem, não preciso dizer-te
que não és meu escravo nem há contrato legal entre
nós, podes partir quando entenderes, Não queres saber
por que me vou, A minha curiosidade não é tão forte
que me obrigue a perguntar-to, Parto porque não devo
viver ao lado duma pessoa que não cumpre as suas obrigações
para com o Senhor, Que obrigações, As mais elementares,
as que se exprimem pelas bênçãos e pelas graças.
Pastor ficou calado, com um meio sorriso que se
revelava mais nos olhos que na boca, depois disse, Não
sou judeu, não tenho de cumprir obrigações que não são
minhas. Jesus recuou um passo, escandalizado. Que a
terra de Israel fervilhasse de estrangeiros e seguidores de
deuses falsos, por de mais o sabia, mas nunca lhe sucedera
dormir ao lado de um deles, comer do seu pão e
beber do seu leite. Por isso, como se segurasse diante de
si uma lança e um escudo protector, exclamou, Só o Senhor
é Deus. O sorriso de Pastor apagou-se, a boca ganhou
de súbito um vinco amargo, Sim, se existe Deus terá
de ser um único Senhor, mas era melhor que fossem
dois, assim haveria um deus para o lobo e um deus para
a ovelha, um para o que morre e outro para o que mata,
um deus para o condenado, um deus para o carrasco,
Deus é uno, completo e indivisível, clamou Jesus, e quase
chorava de piedosa indignação, ao que o outro respondeu,
Não sei como pode Deus viver, a frase não passou
daqui porque Jesus, com a autoridade de um mestre
de sinagoga, cortou, Deus não vive, é, Nessas diferenças
não sou entendido, mas o que te posso dizer é que não
gostaria de me ver na pele de um deus que ao mesmo
tempo guia a mão do punhal assassino e oferece a garganta
que vai ser cortada, Ofendes a Deus com esses
pensamentos ímpios, Não valho tanto, Deus não dorme,
um dia te punirá, Ainda bem que não dorme, dessa maneira
evita os pesadelos do remorso, Por que me falas tu
de pesadelos e remorso, Porque estamos a falar do teu
deus, E o teu, quem é, Não tenho deus, sou como uma
das minhas ovelhas, Ao menos dão filhos para os altares
do Senhor, E eu digo-te que como lobos uivariam essas
mães se o soubessem. Jesus ficou pálido, sem resposta.
Agora o rebanho rodeava-os, atento, num grande silêncio.
O sol já nascera e a sua luz toucava de vermelho-rubi
o velo das ovelhas e os cornos das cabras. Jesus
disse, Vou-me embora, mas não se moveu. Apoiado ao
cajado, tão calmo como se soubesse ter todo o tempo futuro
à sua disposição, Pastor esperava. Enfim, Jesus deu
alguns passos, abrindo caminho entre as ovelhas, mas
parou de repente e perguntou, Que sabes tu de remorso
e pesadelos, Que és o herdeiro de teu pai. Estas palavras
não as pôde suportar Jesus. No mesmo instante dobraram-se-lhe
os joelhos, escorregou-lhe do ombro o alforge,
donde, por obra de acaso ou de necessidade, lhe
saltaram as sandálias do pai, ao mesmo tempo que se
ouvia o ruído da tigela do fariseu ao partir-se. Jesus
começou a chorar como uma criança abandonada, porém
Pastor não se aproximou, apenas disse lá donde estava,
Lembrar-te-ás sempre de que conheço tudo a teu
respeito desde que foste concebido, e agora decide-te de
uma vez, ou partes, ou ficas, Diz-me primeiro quem és,
Ainda não é tempo de o saberes, E quando o souber, Se
ficares, arrepender-te-ás de não teres partido, se partires,
arrepender-te-ás de não ter ficado, Mas se eu me
fosse embora não viria a saber quem és, Enganas-te, a tua
hora há-de chegar e nessa altura estarei presente para to
dizer, posto isto basta já de conversa, o rebanho não
pode ficar aqui o dia todo à espera de que tu te resolvas.

Saramago, Evangelho Segundo Jésus Cristo

Cordel

Se não esparrar, não legaliza...

FACIL DE PLANTAR
Cordel
Autor:GENIVALDO BAZILIO
Artista de rua, educador social e poeta popular


Na sociedade moderna
Moderna é a selvageria
É lucro a todo custo
Faz das tripas alquimia
Profana e vulgariza
E tudo é mercadoria

O cha e a planta narcotica
que altera e inspirou poesia
relaxa sem depressão
Da prazer e alegria
Claro tambem causa danos
feito açucar todo dia

É combatida por um lado
Por outro é estimulado
É reprimido de dia
Á noite é adiantado
Assim ninguem paga imposto
E todo dinheiro é lavado

No fim de tudo o lucro!
E o usuario é culpado
Vitima da estorção
Do arrego e da corrupção
de apaisano e fardados

Desde que o mundo é mundo
Que se pôde registrar
Desde os tempos das cavernas
Por terra agua e ar
Que o ser humano tenta
Transceder se superar

o momento do lazer
no trabalho ou no ritual
Na busca do prazer
Ou no encontro do ser
Ao ser ser transcendental

Ousar esperimentar
Ser livre ter paixões
Viver a realidade
Visitar as iluzões
Nos trouxeram muitos feitos
No campo das evoluções

É natural do vaqueiro
da caatinga e do serrado
Gostar de cachaça e mulher
De vaquejada e de gado
E a cada grupo um costume
A cada costume um recado

Porem nos vem da escencia
em nosso desejo velado
Viver novas esperiencias
Ter o estado mental alterado

Foi isso que senpre levou
Os povos a se drogar
Para afastar o tedeo
No lazer santo remedio
Com os deuzes faz delirar

Narcoticos não são iguais
Nem a viajem tão pouco
Mas para o censo comum
O diferente é louco

Há uns contra
Outros a favor
Uns sabendo
Outros enganados
E o que vem sendo feito
com certeza esta errado
E nem precisa argumento
É só ficar atento
Ao nefasto resultado.

Levantei a discução
E a qualquer cidadão
É garantido opinar
Depois de estudar os fatos
Da repressão e do fracasso
Que não da pra desfarça
Das mentiras deslavadas
Versões desmoralisadas
Para nos incriminar

Se vê que toda tenção
É fruto de uma armação
Que nos leva a pençar
Que a planta esta nestre meio
para empedir seu semeio
Pois é facil de plantar

sexta-feira, 18 de abril de 2008

huxley



Conversamos sobre como estudar e utilizar as drogas que expandem a consciência, e concordamos agradavelmente no que fazer e no que não fazer. Evitar a abordagem comportamentalista da consciência dos outros. Evitar rotular ou despersonalizar a pessoa sob a droga. Não deveríamos impor nosso jargão ou nossos próprios jogos experimentais a outras pessoas. Não pretenciamos descobrir novas leis, isto é, descobrir as implicações redundantes de nossas próprias hipóteses. Não nos limitaríamos ao ponto de vista patológico. Não interpretaríamos o êxtase como mania, ou a tranqüila serenidade como catatonia; não iríamos diagnosticar Buda como um esquizóide desligado; nem Cristo como um masoquista exibicionista; nem a experiência mística como um sintoma; nem o estado visionário como um modelo de psicose. Aldous Huxley rindo. com humor cheio de compaixão, da loucura humana.

tim leary

terça-feira, 15 de abril de 2008

expressão popular


Livros bons e baratos. Conheça nosso herói desconhecido, Abreu e Lima. Respire Canudos, quilombos, revoltas militares e outras pólvoras para o espírito. Ouça as palavras de Marçal Tupã`i (o pequeno com voz de Trovão), ou cole à sua pele as feridas de Gregório Bezerra. Investigue o trabalho dos homens pelas lentes de Salgado e as mentes de importantes pesquisadores. Não pare de ler; ler o mundo de uma forma diferente. Assuste as crianças com fantasmas de latifúndios e lhes mostre onde vivem as abelhas negras de dentro de ser.
Apresente as metamorfoses da consciência aos grandes de corpo e pequenos de pensamento.
Provoque, evoque, mude. Arranque as mudas estéreis, mexa na terra, acenda fogueiras.
Leia os sábios revolucionários. Leia a EXPRESSÃO POPULAR.

http://www.expressaopopular.com.br

segunda-feira, 14 de abril de 2008

destino



Destino é uma palavra que sempre gosto de ouvir, porque inerente a sua definição há o fato de que não preciso trabalhar para obtê-lo...

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Filhos de Anansi

Essa postagem vai ser uma indicação... um livro do Sr. Neil Gaiman, de uma sensibilidade incrivel, em um universo já explorado em seu livro anterior, o autor nos apresenta, Fat Charlie, um protagonista que transita entre o trágico e o cômico em uma realidade fantástica em que deuses e entidades transitam entre pessoas normaizinhas como nós... A verdade é que o livro é muito bom, Neil Gaiman apresenta sua história de uma maneira sensível e envolvente... mas ele me ganhou na dedicatória... postei aqui e espero que vcs leiam e apreciem mais essa obra de um dos escritores mais gente boa que eu conheço...
"Você sabe como é. Você pega um livro, vai até a dedicatória e,
mais uma vez, descobre que o autor dedicou o livro a outra pessoa.
Mas não desta vez.
Nós ainda não nos encontramos/temos uma relação distante/somos loucos um
pelo outro/não nos vemos há muito tempo/nunca nos encontraremos, mas apesar disso,
creio eu, sempre pensaremos com carinho um no outro...
Este livro é dedicado a você.
Você sabe com o quê, e provavelmente também sabe por quê."

Sr. Ladrão




Finalmente...! Cheguei em casa...! Já passam das nove da manhã...! Estou nervoso, acho que estou seguro agora... Estou nervoso porque não costumo fazer isso... Achei que talvez não fosse dar certo, que fossem me pegar. Mas agora que cheguei em casa, posso relaxar... Meu Deus, que pressão! Como eu já disse, não costumo fazer esse tipo de coisa. Hoje eu roubei uma idéia. Passei a madrugada conversando com uma pessoa e derrepente, ela estava ali, a idéia. Dando sopa. Pensei em roubar ela pra mim. Desisti. Voltei a pensar. Ainda não era a hora. Na verdade eu nunca tinha feito isso antes. Pode até parecer banal, nessa época da superinformação. Recorta e cola. Seleciona tudo, copia e cola. Mas eu não sou assim. E isso era diferente, a idéia era diferente e tão original. Eu só conseguia pensar em pegar ela pra mim. Muito diferente qualitativamente de todo esse lixo virtual que tá espalhado por aí. Uma idéia ampla, que disperta os sentidos, diferente dessas "coisinhas" que de tão comprimidas, para caber no seu mp3 player, terminam perdendo as nuances, entende? Perdesse o mais grave dos graves e o mais agudo dos agudos... as informações nos chegam multiladas, não fazem sentido... Transsexual realiza sonho e fica "grávido", foi isso que eu li e desisti, antes de tentar entender... Frei Betto nos lembra que não estamos dispostos a suportar discursos racionais e duradouros... há tanta informação que preferimos não mais prestar atenção à ela... A comunicação passa a ser a incomunicação...
Já passam das nove da manhã... consegui... não me orgulho, mas roubei... roubei uma idéia só pra mim...

segunda-feira, 7 de abril de 2008

mestre zen


Um estudante foi ao seu professor e disse fervorosamente,
"Eu estou ansioso para entender seus ensinamentos e atingir a Iluminação! Quanto tempo vai demorar para eu obter este prêmio e dominar este conhecimento?"
A resposta do professor foi casual,
"Uns dez anos..."
Impacientemente, o estudante completou,
"Mas eu quero entender todos os segredos mais rápido do que isto! Vou trabalhar duro! Vou praticar todo o dia, estudar e decorar todos os sutras, farei isso dez ou mais horas por dia!! Neste caso, em quanto tempo chegarei ao objetivo?"
O professor pensou um pouco e disse suavemente,
"Vinte anos."

menino-cão


Semana passada fui ver defesa de dissertação de mestrado de um amigo, foi na pós graduação de história da unb, e o tema era ficções cientificas na cinema em 1968... (é doidão ou não é?), conheci o André há uns dez anos, andávamos com loucões em comum, e foi mais ou menos nessa época que ele me deu esse texto de sua autoria, na época eu achei lindo, e hoje ainda acho muito foda prum moleque psico, durante todos esses anos no cruzamos nos botecos da cidade, bebemos e fumamos juntos... mas os ecos dos gritos do menino-cão munca pararam de ecoar na minha cabeça... Shopenhauer... Shopenhauer...


Quando eu só tinha três meses fui sequestrado por um louco que queria fazer de mim uma espécie de laboratório sinistro afim de levar a cabo seu projeto que ele chamava de a perfeita máquina humana.
Durante os primeiros anos de vida alimentou-me exclusivamente com leite de origem canina. Na casa onde então habotávamos mais de quatorze cachorros dividiam o quintal. Ele tinha uma coisa com cachorros. O lugar era infestado de pulgas.
Convencido das vantagens inerentes ao faro canino incutiu-me o hábito de cheirar sempre os fundilhos dos outros. Ele era um homem louco, assim como as pessoas que frequentavam aquela tasca.
Eu não conhecia o mundo. Jamais entabulamos qualquer tipo de conversação. Vim a descobrir tudo isso depois. Eu só ficava latindo.
Isso levou-me a carregar completa repugnância por qualquer tipo de sociedades secretas pelo resto dos dias.
Quando eu já era rapaz, um professor ensinou-me a ler. Era a única criatura abençoada pela sanidade. Duas horas por dia, três dias por semana, durante p período que calculo num ano. Depois disso sumiu e meu pai me deu um embrulho com uma coleção de livros de filosofia, que passaram a ser minha única companhia e eu os lia sempre que não estava latindo ou copulando.
Quanto às cachorras, consumiam boa parte da minha energia. Eu tinha que copular com elas quase todos os dias, o que era exaustivo. Conhecia cada uma com exatidão e sabia qual a responsável por cada cicatriz. Vezes havia em que meu membro ficava sanguinolento. Nas brigas com os cachorros eu mordia e era mordido (assim perdi meu olho esquerdo).
Sendo o professor a única pessoa com a qual eu mantivera algum tipo de diálogo, por rudimentar que fosse, não é de se estranhar que quando a casa foi invadida por policiais eu não tenha esboçado outra reação a não ser avançar-lhe no pescoço.
Espancaram-me e acordei algum tempo depois numa cela com outros prisioneiros. Fui de quatro até o canto e fiquei. Um negro aproximou-se e falou comigo. Fiquei calado um bom tempo até que pronunciei: Shopenhauer. Ele pareceu achar aquilo engraçado, devia supór que eu fosse estrangeiro. E essa foi a única palavra que pronunciei durante longos dez anos. Shopenhauer.
Data daí a época em que fui induzido à degradante exposição pública. Cidadãos que dir-se-iam esclarecidos pagavam para assistirem-me gritar Shopenhauer e demonstrar minhas faculdades adquiridas. Era repugnante. No fim de cada espetáculo eu ganhava linguiça ou um pedaço de galinha.

Mestre André Poeta

terça-feira, 1 de abril de 2008

cck


"O que nos define não é o resultado de nossas eventuais inspirações, mas sim, o acúmulo de nossas banalidades..."

Sonhos não fazem promessas...


Rafa, minha broder... mandando noticias dessa américa latrina... Queria falar um monte de coisas pra vc, mas broder não fica babando ovo de broder... Então não vou falar o quanto vc é linda, inteligente, gente boa, amiga pau pra toda obra... Não devo dizer essas coisas, então só vou dizer da falta que vc nos faz...
Vou falar como foi meu último sábado... acordei de manhã, levei a Carmela pra Kingdon... voltei e fui ler gibi... li um gibi bacanissimo... que tinha uma personagem que era tipo a filha do Tarzan, que viajara pra Londres, pra ir num velório de um ex-namorado, aí ela dizia, nas palavras dela...”... Jack era tudo que vc gostaria que Londres fosse. Ele era divertido, esperto, misterioso, sexy e assustador... Vc sabe o que eles dizem... Se estiver cansado de Londres, vc está cansado da vida.” Impossível não lembrar das amigas que parecem não se cansarem de Londres e nos deixam só com as saudades... Pensei em tu... em como vc deve estar e dos momentinhos maneiros, que parecem que estão lá atrás...
Continuei lendo o gibi, o sábado seguia seguindo... e já quase denoitinha em um feliz desencontro terminamos tomando umas na casa da Cris e do Daniel, sempre ótimos anfitriões e nós como bons convidados, que quase sempre somos, ficamos bem loucos... Eu, Carmelinda, Limão e Vidigal (esse com um certo delay), Dioguinho não foi porque era véspera de aniversário da namoradinha dele e ela queria sair pra dançar... salsa(!?!?!)... ela realmente é figura, mas não me pergunte se sair pra dançar salsa é um codigozinho de namoradinhos que querem mesmo é praticar o coito propriamente dito...salsa?!?!.... O facto é que bebemos bem, se vc tivesse lá ia dizer que tinha cerveja pra caralho, e ia se perguntar se a gente ia conseguir tomar tudo... como quase sempre, tomamos tudo e o Dan preparou alguns Morritos pra gente... nesse clima de alegria lembramos de vc e contamos histórias... falamos daquele jeito que a gente fica com olho cheio de lágrimas, sabe?... brincamos com o presente que vc mandou pra Cris, o bauzinho-abridor The Best of London ... Saí de lá muito loucão, com aquela doçura dos Morritos na cabeça, peguei a estrada, cheguei em casa e chapei... chapei gostoso... e sonhei... um sonho beeem realista... sonhei que te encontrava e a gente tava num pub em London, tomamos uns copões de cerveja, muito boa, então eu te falava que nos sonhos a gente podia fazer tudo, só precisávamos de um objeto mágico, que era o abridor-bauzinho... se a gente segurasse junto e imaginasse bem forte, a gente podia viajar pelo plano astral... cerramos los ojos... abrimos... e estávamos no México num boteco bem pé sujo, tipo Balada do Pìstoleiro... ficamos empolgadissimos com o sucesso da nossa experiência e pedimos umas doses de tequila... de novo Rafa, de novo.... Fechamos... abrimos e estávamos em um cenário tipo propaganda da Absolut... um bar todo feito de gelo, mesas de gelo, cadeiras de gelo e umas super modelos do leste europeu usando casacos de pele sem nada por baixo... mandamos a vodka pra dentro, tipo que emocionados... aí eu falei “Rafa, vamos dar uma chegada no Brazil, tomar uma cachaça, sei lá?” aí vc, meio que fingiu que tava sóbria e disse que ainda não tava na hora de voltar pro Brasil, e que na real tava quase na hora de acordar e vc tinha que sair fora... aí vc foi ficando transparente e desaparecendo... e eu fiquei só com um sentimento de desamparo e fui acordando devagarzinho... com uma ressaca(!) da porra... e saudade imensa da minha amiga...
Talvez em algum momento do sonho eu senti uma certa conotação sexual, mas não lembro, porque broder de verdade não lembra dessas coisas... talvez por ter ficado abalado com a história do piercing.... mas não lembro...
Espero que essa carta te encontre feliz, alegre e com saúde.... espero que vc curta o máximo possível sua experiência por aí e volte quando tenha que voltar... espero que essas palavras sejam como um abraço apertado de um grande amigo, que parece que vai até te machucar, mas na real ele tá te abraçando com a alma, e esse abraço é capaz de abarcar o mundo inteiro... Tou cheio te esperanças....
Foi um sábado marcante por sua causa, com vc longe pra caralho... bem estranho...
Se cuida... a gente se vê sua punk... vc faz falta...Lost nunca esteve melhor...