quarta-feira, 30 de setembro de 2009

menino preto III

ilustraçãomeramentefigurativaoufigurameramenteilustrativa do sempre belo malangatana



a saga do menino preto está longe de terminar... e nesse ponto da historia já podemos perceber que se trata de uma fábula sobre pessoas como eu ou vc e que poderiam estar em presídios ou em manicômios...





III


Ela falou em seu ouvido: A lua vai te guiar... e o sol sempre renovará e mudará os tons dos seus propósitos... o menino preto ainda tentava se acalmar do impacto primeiro de interagir com uma pessoa tão estranha, e o menino preto entendia um pouco e dentro de suas limitações o que significa ser estranho... e pensava sobre aquelas palavras com ares de profecia mas proferidas por pessoa tão bizzola bem que poderiam ser malditas, pragas... ela parecia ter um olho esquerdo morto, opaco com uma consistente camada de remela amarela em sua volta, e tinha uma enorme verruga em um enorme nariz com uma pele que parecia o couro de um animal bem feio e escroto... e já sabendo lidar com seus preconceitos e sua falta de experiência e traquejo social, o menino preto sorriu, ela devolveu um sorriso, mas sem dentes... e na cabeça cheia do menino preto e no coração agoniado foi impossível não achar que alguma coisa estava faltando, ela tocou seu ombro, e tinha unhas horrorosas, unhas compridas e grosseiras, sujas marrons pareciam garras, ou uma madeira envelhecida de uma arvore velha retorcida e horripilante... ofereceu ao menino preto uma maçã magnificamente bonita, e com muitas idéias fervendo em sua cabeça debaixo de um sol que já tinha decidido ficar escaldante, o menino preto quase dolorosamente lembrou da secura da sua boca e do calor insuportável que ele se concentrava para ignorar... ou a cor vermelhissima e a textura incrivelmente brilhante atingiram sua retina, e por conseguinte seu cérebro, de tal maneira, que o menino preto sentiu uma pequena vertigem... aquela velha que apareceu do nada, disse algo que ainda precisa encontrar o seu sentido, sorriu pra ele um sorriso podre... lhe deu algo que ele soube antes de comer, e no momento em que mordeu aquela maça... o suco escorreu pelo canto de sua boca e cada célula do seu corpo franzino sentiu a força da natureza na forma da melhor maça do mundo, refrescou-se...



terça-feira, 29 de setembro de 2009

10 razões para legalizar as drogas


O Le Monde Diplomatique de setembro, uma das melhores publicações brasileiras, tem um dossiê sobre "A legalização das drogas e seus impactos na sociedade", com textos de Thiago Rodrigues (Tráfico, guerras e despenalização), uma entrevista com Caco Barcellos, um artigo de Luciana Boiteux (Aumenta o consumo. O proibicionismo falhou) e de Victeor Palomo (A dependência química é de uma minoria).

Silvio Caccia Bava, o editor do LMD, em lugar de seu habitual editorial, dá a palavra a um especialista em Inteligência Criminal da Scotland Yard, John Grieve, que não perde atualidade, mesmo sendo escrito na Inglaterra e em 1997. Reproduzimos aqui o texto, para socializar a informação e promover o debate. Mais materiais, no LMD de setembro.

1. Encarar o verdadeiro problema
Os burocratas que constroem as políticas sobre drogas têm usado a proibição como uma cortina de fumaça para evitar encarar os fatores sociais e econômicos que levam as pessoas a usar drogas. A maior parte do uso ilegal e do uso legal de drogas é recreacional. A pobreza e o desespero estão na raiz da maioria do uso problemático da droga, e somente dirigindo-se a estas causas fundamentais é que poderemos esperar diminuir significativamente o número de usuários problemáticos.

2. Eliminar o mercado do tráfico
O mercado de drogas é comandado pela demanda de milhões de pessoas que demandam drogas ilegais atualmente. Se a produção, suprimento e uso de algumas drogas são criminalizados, cria-se um vazio que é preenchido pelo crime organizado. Os lucros neste mercado são de bilhões de dólares. A legalização força o crime organizado a sair do comércio de drogas, acaba com sua renda e permite-nos regular e controlar o mercado (isto é, prescrever, licenciar, controle de vendas a menores, regulação de propaganda, etc.)

3. Redução drástica do crime
O preço das drogas ilegais é determinado por um mercado de alta demanda e não regulado. Usar drogas ilegais é muito caro. Isso significa que alguns usuários dependentes recorrem ao roubo para conseguir dinheiro (corresponde a 50% do crime contra a propriedade na Inglaterra e é estimado em 5 bilhões de dólares por ano). A maioria da violência associada com o negócio ilegal da droga é causada por sua ilegalidade. A legalização permitiria regular o mercado e determinar um preço muito mais baixo acabando com a necessidade dos usuários de roubar para conseguir dinheiro. Nosso sistema judiciário seria aliviado e o número de pessoas em prisões seria reduzido drasticamente, economizando-se bilhões de dólares. Por causa do preço baixo, os fumantes de cigarro não têm que roubar para manter seu hábito. Não há também violência associada com o mercado de tabaco legal.

4. Usuários de droga estão aumentando
As pesquisas na Inglaterra mostram que quase a metade de todos os adolescentes entre 15 e 16 anos já usou uma droga ilegal. Cerca de 1,5 milhão de pessoas usa ecstasy todo fim de semana. Entre os jovens, o uso ilegal da droga é visto como normal. Intensificar a guerra contra as drogas não está reduzindo a demanda. Na Holanda, onde as leis do uso da maconha são muito menos repressivas, o seu uso entre os jovens é o mais baixo da Europa. A legalização aceita que o uso da droga é normal e que é uma questão social e não uma questão de justiça criminal. Cabe a nós decidirmos como vamos lidar com isto. Em 1970, na Inglaterra, havia 9.000 condenados ou advertências por uso de droga e 15% de novas pessoas tinham usado uma droga ilegal. Em 1995 os números eram de 94.000 e 45%. A proibição não funciona.

5. Possibilitar o acesso à informação verdadeira e a riqueza da educação
Um mundo de desinformação sobre drogas e uso de drogas é engendrado pelos ignorantes e preconceituosos burocratas da política e por alguns meios de comunicação que vendem mitos e mentiras para beneficio próprio. Isto cria muito dos riscos e dos perigos associados com o uso de drogas. A legalização ajudaria a disseminar informação aberta, honesta e verdadeira aos usuários e aos não-usuários para ajudar-lhes a tomar decisões de usar ou não usar e de como usar. Poderíamos começar a pesquisar novamente as drogas atualmente ilícitas e descobrir todos os seus usos e efeitos – positivos e negativos.

6. Tornar o uso mais seguro para o usuário
A proibição conduziu à estigmatização e marginalização dos usuários de drogas. Os países que adotam políticas ultra-proibicionistas têm taxas muito mais elevadas de infecção por HIV entre usuários de drogas injetáveis. As taxas de hepatite C entre os usuários no Reino Unido estão aumentando substancialmente. No Reino Unido, nos anos 80, agulhas limpas para usuários e instrução sobre sexo seguro para jovens foram disponibilizados em resposta ao medo do HIV. As políticas de redução de danos estão em oposição direta às leis de proibição.

7. Restaurar nossos direitos e responsabilidades
A proibição criminaliza desnecessariamente milhões de pessoas que, não fosse isso, seriam pessoas normalmente obedientes às leis. A proibição tira das mãos dos que constroem as políticas públicas a responsabilidade da distribuição de drogas que circulam no mercado paralelo e transfere este poder na maioria das vezes para traficantes violentos. A legalização restauraria o direito de se usar drogas responsavelmente e permitiria o controle e regulação para proteger os mais vulneráveis.

8. Raça e drogas
As pessoas da raça negra correm dez vezes mais fisco de serem presas por uso de drogas que as pessoas brancas. As prisões por uso de droga são notoriamente discriminatórias do ponto de vista social, alvejando facilmente um grupo étnico particular. A proibição promoveu este estereótipo das pessoas negras. A legalização remove um conjunto inteiro de leis que são usadas desproporcionalmente no contato de pessoas negras com o sistema criminal da justiça. Ajudaria a reverter o número desproporcional de pessoas negras condenadas por uso de droga nas prisões.

9. Implicações globais
O mercado de drogas ilegais representa cerca de 8% de todo o comércio mundial (em torno de 600 bilhões de dólares ano). Países inteiros são comandados sob a influência, que corrompe, dos cartéis das drogas. A proibição permite também que os países desenvolvidos mantenham um amplo poder político sobre as nações que são produtoras com o patrocínio de programas de controle das drogas. A legalização devolveria o dinheiro perdido para a economia formal, gerando impostos, e diminuiria o alto nível de corrupção. Removeria também uma ferramenta de interferência políticas das nações estrangeiras sobre as nações produtoras.

10. A proibição não funciona
Não existe nenhuma evidência para mostrar que a proibição esteja resolvendo o problema. A pergunta que devemos nos fazer é: Quais os benefícios de criminalizar qualquer droga? Se após analisarmos todas as evidências disponíveis concluirmos que os males superam os benefícios, então temos de procurar uma política alternativa. A legalização não é a cura para tudo, mas nos permite encarar os problemas criados pela proibição. É chegada a hora de uma política pragmática e eficaz sobre drogas.

(Texto publicado por Emir Sader no site http://www.cartamaior.com.br/)

postagem humildemente roubada do sensacional-fora-de-serie Dr. Estranho, meus mais admiraveis agradecimentos... http://doktorestranho.blogspot.com/



sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Corações Klingons

lindo klingon ilustrado pelo lima.

Os deuses forjaram o coração Klingon com fogo e ferro. E o coração bateu com tanta força, e tamanho foi o som de suas batidas, que os deuses bradaram: “Neste dia nós criamos o mais forte coração de todo firmamento.” Então, o coração Klingon enfraqueceu, o ritmo de suas batidas diminuiu, e os deuses indagaram: “Por que fraquejas? Fizemos de ti a mais forte de todas criações.”
E o coração respondeu: “Estou sozinho”
E os deuses souberam que haviam falhado. Assim, eles voltaram para aforja e moldaram outro coração.
No entanto, o segundo coração bateu ainda mais forte do que o primeiro, que invejou seu poder. Felizmente, o segundo coração havia sido temperado com sabedoria.
“Se nos juntarmos, nenhuma força conseguirá nos deter!”
E quando os dois corações começaram a bater juntos, ambos preencheram o firmamento com um som terrível. Pela primeira vez, os deuses conheceram o medo. Eles tentaram fugir, mas era tarde demais. Os corações Klingons destruíram os deuses que os haviam criado e transformaram os céus em cinzas. E, daquele dia em diante, ninguém mais conseguiu sobrepujar a batida de dois corações Klingons.


{ Lenda sobre a criação dos Klingons e como eles destruíram seus próprios deuses. }

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Congênito


Se a gente falasse menos
Talvez compreendesse mais
Teatro, boate, cinema
Qualquer prazer não satisfaz
Palavra figura de espanto
Quanto na terra tento descansar

Mas o tudo que se tem
Não representa nada
Tá na cara
Que o jovem tem seu automóvel
E o tudo que se tem
Não representa tudo
O puro conteúdo é consideração
Não goza de consideração

luis melodia, psicodelico...

sexta-feira, 11 de setembro de 2009


"Quem tem que comandar nossa vida é nossa cabeça, o corpo que se vire pra ir atrás...!"
erickson luna

quinta-feira, 10 de setembro de 2009