segunda-feira, 30 de maio de 2011

Ainda assim, eu me levanto




Você pode me riscar da história
Com mentiras lançadas ao ar
Pode me jogar contra o chão de terra
Mas ainda assim, como a poeira, eu vou me levantar

Minha presença o incomoda?
Por que meu brilho o intimida?
Porque eu caminho como quem possui poços de petróleo
Bombeando na minha sala de estar

Assim como Luas e Sóis,
com a certeza das marés
Como a esperança emergindo da desgraça,
assim vou me levantar

Você não queria me ver quebrada?
Cabeça baixa e olhos para o chão?
Ombros caídos como as lágrimas,
Enfraquecido pela minha alma que chora?

Meu orgulho o ofende?
Tenho certeza que sim
Porque eu rio como quem possui
ouro enterrado no jardim

Você pode me atingir com suas palavras
Você pode me dilacerar com seus olhos
Você pode até me matar com seu ódio
Ainda assim, como o ar, eu vou me levantar

Minha sensualidade o ofende?
Será que ela te surpreende?
Como se quando eu dançasse
quardasse diamantes onde minhas coxas se encontram?

Da favela, da humilhação causada pela cor
Eu me levanto
De um passado enraizado pela dor
Eu me levanto
Sou um oceano negro, profundo na fé
Crescendo e espandindo-se, como maré

Deixando pra trás noites de terror e atrocidades
Eu me levanto
Em direção a um novo dia de intensa claridade
Eu me levanto
Trazendo comigo o dom dos meus antepassados,
Eu sou o sonho e a esperança do homem escravizado
Eu me levanto
Eu me levanto
Eu me levanto

Dr. Maya Angelou