quarta-feira, 30 de julho de 2008


Estela (A Fumaça Do Pagé Miti Subitxxy)
Mundo Livre S/A

Yano-no-ma-mi
Yama-ma-ma-ha

Assim falou o sumo pajé mitsubishi
Voltando da magna esfera espectral
Distante mais de três mil anos luz
Da constelação do abismo fractal

Ele declarou
Ele alardeou
Ele proclamou
depois de fumar

Ele anunciou
Sambou, pulou, rodopiou
Uivou extasiado ao proclamar

Depois de fumar as doze pétalas
Da flor púrpura estelar
Depois de fumar as doze pétalas de Estela
A flor, a flor

Ele declarou
Ele alardeou
Ele proclamou
depois, depois de fumar

Ele anunciou
Pulou, sambou, rodopiou
Uivou extasiado ao proclamar

(depois de fumar as doze pétalas, ele alardeou)

Hyundai, Carajá
é o portal da divindade
Machinto-sh-shi, chuchu cururu
Aqui começa a eternidade
Hyundai, Carajá-já
É o portal da divindade
Machinto-sh-shi chuchu cururu
Assim começa a eternidade

Yano-no-ma-mi
Yama-ma-ma-ha(Estela)(Depois de fumar)

O sumo cacique Stardust mandou avisar
No início do terceiro prêmio
Serão necessárias ainda muitas convenções dos povos da terra
Antes que se possa conter o avanço da biopirataria na Amazônia
(Depois de fumar as doze pétalas)

Depois de fumar as doze pétalas
Toshiba-ba Toshiba-ba

ciclos - intro


Eu não devia estar ali...
De tempos em tempos os ciclos se renovam, se concluem para começar de novo e de nove e de novo... é preciso ter sensibilidade para reconhecer as nuances desses movimentos, com o tempo você vai aprendendo... e já me falaram várias coisas, nessas horas esses traficantes falam pra caralho... se explicam, se complicam e dão respostas que podem ser verdade, como podem ser asneiras... é a entre safra da erva... não tem, não rola... a natureza tem seu tempo, não adianta o homem querer, tem que plantar, tem que regar, esperar, cuidar e colher... não adianta titio, é seca... tá bom velho, falou... é a porra da polícia, tá ligado? Todo ano eles tem que apresentar o relatório de apreensões de drogas, os filhas da puta ficam o ano sem trabalhar, chega nas vésperas de prestar contas e dão essa dura... pode ver, todo ano, nessa época, é a mesma seca... falou velho, vou nessa... é tudo um experimento do governo... somos ratos de laboratório, a televisão é o principal instrumento de manipulação, mas ocorrem vários experimentos de privação de drogas, se liga você tá fazendo parte de um experimento bizarro, se liga nessa seca, preste atenção você está sendo observado... interessante...
Recorrente o pensamento de que eu não deveria estar onde estou...

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Curinga




"Nós dois tentando encontrar significado num mundo sem sentido!Por que ser um pária desfigurado quando posso ser um notório Deus do Crime?Por que ser um orfão se pode ser um super-herói?"
"Você não pode me matar sem se tornar como eu. Eu não posso te matar sem perder o único humano que pode comigo. Isso não é irônico?"
Ele pensa em tentar dizer essas coisas, mas de alguma forma as palavras parecem sem sentido. Elas falham em expressar os seus sentimentos ou determinar a profundidade exata de sua aversão, seu êxtase.
Tudo que ele quer é multilar o Batman.
Tudo que ele quer é que Batman perca sua dignidade na sujeira.
Tudo que ele quer é que Batman se entregue ao caos.
Tudo que ele quer é que o maldito Batman finalmente entenda a maldita piada.

Sr. Grant Morrison

porão


Porão do Rock é o parque de diversões dos doidões... Um dos maiores festivais de rock do Brasil, evento tradicional da capital... numa época de carencias de eventos de quem é considerado alternativo, o porão faz parte da vida dos "roqueiros" de Brasilia... nos últimos anos já apresentava sinais de desgaste, a ong que organiza o evento fora acusada de diversas contravenções fiscais... eu envelheci e perdi a paciencia, mas as histórias que eu consigo lembrar, essas eu não esqueço...
Meu primeiro Porão, foi aquele lendário porão na Concha Acustica... em uma época que eu era minino mas já tinha cara de bandido... uma época que eu quase não bebia, quase não fumava e quase não cheirava... quase um virgem... estado alteradissimo de consciencia... me separei dos amigos e fiquei viajando naquele enorme espaço as margens do lago... distraído, me vi cercado por três malas da Vila Planalto, tentei enxergar meus amigos e não consegui, estava perdido... esse casaco é da hora! eu sabia que tava fodido... eu não sabia o que fazer... fiquei olhando pra eles, eles esperavam alguma reação... talvez satanás me cuide, talvez Deus proteja os bêbados, ou simplesmente monstros reconheçam monstros... completamente doidão eu falo: pede um pra sua mãe... os malas se entreolham, parecem não entender e esbarrando e cambaleando eu vou embora...
Outro Porão inesquecivel foi quando o Brazil ganhou a Copa do Japão, um dos dias mais felizes da minha vida, pelo menos dos que eu me lembre... fui pruma rave ganhei um ecstasy e guardei pro show do Sepultura... Brasil Campeão... 30 horas sem dormir... um domingo de comemorações em diversos churrascos da cidade, todo mundo feliz extasiados com o ópio do povo... sinistro
E as gatas do Porão... ? Onde o padrão de beleza é a loucura, qualquer um pode ser feliz...
Há anos não compareço no Porão, esse ano talvez dê os ares da minha graça... beber cachaça caralho...

Sexta-feira (1/8) *

Abertura dos portões: 17h
Palco Principal
19h – Sayowa (SP)
19h35 – Vougan (DF)
20h10 – Almah (SP)
20h55 – Lesto! (DF)
21h30 – Nitrominds (SP)
22h05 – Mukeka Di Rato (ES)
22h50 – Macakongs 2099 (DF)
23h25 – Madame Saatan (PA)
0h – MQN (GO)
0h35 – D.F.C. (DF)
1h20 – Matanza (RJ)
2h25 – Suicidal Tendencies (EUA)

Palco Pílulas
18h – Device (DF)
18h50 – Podrera (DF)
19h40 – Black Drawing Chalks (GO)
20h30 – Elffus (DF)
21h20 – Astros (SP)
22h10 – Kill Karma (Espanha)
23h – Rafael Cury & the Booze Bros. (DF)
23h50 – Moretools (DF)
0h40 – Maldita (RJ)

Sábado (2/8) *

Abertura dos portões: 15h
Palco Principal
17h – Canastra (RJ)
17h35 – Vai Thomaz no Acaju (DF)
18h10 – SickCity (Alemanha)
18h45 – Sapatos Bicolores (DF)
19h20 – The Tandooris (Argentina)
19h55 – Lucy and the Popsonics (DF)
20h30 – Papier Tigre (França)
21h05 – Autoramas (RJ)
21h50 – Mundo Livre S/A (PE)
22h35 – Supergalo (DF)
23h20 – Pitty (BA)
0h25 – Muse (Inglaterra)

Palco Pílulas
16h – Gilbertos Come Bacon
16h50 – The Pro (DF)
17h40 – Tom Bloch (RS)
18h30 – Super Stereo Surf (DF)
19h20 – Amp (PE)
20h10 – O Círculo (BA)
21h – Janicedoll (DF)
21h50 – Orgânica (SP)
22h40 – Nancy (DF)

sábado, 19 de julho de 2008

Larva Coringa

Por que coisas ruins acontecem com pessoas boas?

Na cela branca e vazia, o silêncio pressurizado é aliviado somente por essas três coisas: o rastejante estralejar da lâmpada fluorescente, o lento crepitar da respiração – como se ele soasse como papel sendo rasgado e rasgado e rasgado novamente, obsessivamente, em pequenos pedaços, e o agudo zumbido de um mosquito que pegava carona na capa do Batman e agora se encontra trancado numa cela de uma casa de loucos com uma coisa má como companhia.
Não se percebe nenhum movimento até que você olhe bem de perto para ver as mandíbulas se mexendo discretamente debaixo da gaze e dos pinos cirúrgicos. Nem mesmo pense nessas dissimuladas mandíbulas ruminando algum mantra venenoso conforme os terríveis olhos acompanham a preguiçosa trajetória de vôo do pobre mosquito, do mesmo modo que uma aranha triangula a posição de sua vítima.
Ele está repassando em sua cabeça uma lista de coisas que o fazem rir. Bebês cegos. Campos minados. AIDS. Queridos animais de estimação mortos em acidentes de rua. Estatísticas. Estojos de lápis. CAFÉ DA MANHÃ TARDIO! A tabela periódica dos elementos.
O inseto escolhe uma mão branca como a lua à esquerda e aterrissa como módulo lunar da NASA. Ele recolhe suas pequenas asas, toma fôlego pela sua traquéia, depois libera sua ferramenta hipodérmica contra a pele encoberta do Coringa e começa a sugar, se deliciando com a corrente sanguínea.
Gênios sofrendo irreversíveis danos mentais. Más notícias PRA VALER. Fé destruída. Sombreiros. Política. Peixes sendo estripados. Peixes sendo eviscerados. Peixes sendo eviscerados.
Como uma larva crescendo distorcida num casulo, como uma lagarta liquefazendo-se na sujeira dos seus próprios pesadelos ou um feto se dissolvendo em água de esgoto ou leite azedo, o Coringa sonha acordado. Ele é o mal ojo, o olho mal, deseja a morte para o mundo.
Câncer de intestino. Peixes sendo eviscerados. Armas de fogo nas escolas. Deficientes físicos. Racismo.
Respirando lentamente em seu inferno claro e sem limites, O Príncipe Palhaço da Crueldade sonha com um novo rosto, um novo mundo, um Ano Zero. Uma inesquecível era dourada de comédia sangrenta rubro-negra e crime!
Alzheimer.
O mosquito, enquanto isso, entende o recado, se estremece e cai das mãos do Coringa. Cego e paralítico, ele gira em círculos por todo o chão, engasgando com o sangue.
Batman.
Ele observa a pequena vida se apagar, escuta o som do zumbido que se esvai conforme ele lentamente se contrai, como uma mão formando um punho para socar, e morre.
Batman.
Ansioso para nascer, ele conta regressivamente até a meia noite.
Grant Morrison

sexta-feira, 18 de julho de 2008

adeus

Ele estava tomando uma cerveja... seria a única cerveja daquela noite... ele não devia estar ali, e não devia beber mais de uma latinha de cerveja... mas ele estava ali, uma pessoa querida estava morrendo no hospital e ele só conseguia sentir um vazio... quando pensava no assunto tinha vontade de chorar... a angústia pressionava seu peito, o ar desaparecia e respiração ficava ofegante e seus olhos se enchiam de água... então ela apareceu, e disse coisas que pareciam não fazer muito sentido... ela disse que as coisas não precisam ter começo, meio e fim... ela disse que a maioria das coisas não seguem esse padrão... ??? ... ela disse que não era preciso dizer coisas novas... a novidade, apesar de sedutora, nem sempre é boa... o bom sempre é novo... sua cabeça estava em outro lugar e ele não sabia quem era aquela pessoa e nem o que ela queria com ele... o fato foi que ficou calado, apático, triste... ela disse que um dia aquilo já fez sentido, que aquilo fazia todo o sentido agora e que ainda ia fazer muito sentido... ela se foi... ele não terminou de tomar a cerveja... voltou pro hospital, e ficou pensando na fragilidade da vida humana e nas palavras que não foram ditas e que, agora, não importam mais...

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Super


Nada é tão ruim quanto parece... você é muito mais forte do que pensa que é... Confie em mim.

terça-feira, 8 de julho de 2008

pensamentos de um "correria"


Pensamentos de um "correria"


Ele me olha, cumprimenta rápido e vai pra padaria. Acordou cedo, tratou de acordar o amigo que vai ser seu garupa e foi tomar café. A mãe já está na padaria também, pedindo dinheiro pra alguém pra tomar mais uma dose de cachaça. Ele finge não vê-la, toma seu café de um gole só e sai pra missão, que é como todos chamam fazer um assalto.Se voltar com algo, seu filho, seus irmãos, sua mãe, sua tia, seu padrasto, todos vão gastar o dinheiro com ele, sem exigir de onde veio, sem nota fiscal, sem gerar impostos.Quando o filho chora de fome, moral não vai ajudar. A selva de pedra criou suas leis, vidro escuro pra não ver dentro do carro, cada qual com sua vida, cada qual com seus problemas, sem tempo pra sentimentalismo. O menino no farol não consegue pedir dinheiro, o vidro escuro não deixa mostrar nada.

O motoboy tenta se afastar, desconfia, pois ele está com outro na garupa, lembra das 36 prestações que faltam pra quitar a moto, mas tem que arriscar e acelera, só tem 20 minutos pra entregar uma correspondência do outro lado da cidade, se atrasar a entrega, perde o serviço, se morrer no caminho, amanhã tem outro na vaga.Quando passa pelos dois na moto, percebe que é da sua quebrada, dá um toque no acelerador e sai da reta, sabe que os caras estão pra fazer uma fita.Enquanto isso, muitos em seus carros ouvem suas músicas, falam em seus celulares e pensam que estão vivos e num país legal.Ele anda devagar entre os carros, o garupa está atento, se a missão falhar, não terá homenagem póstuma, deixará uma família destroçada, porque a sua já é, e não terá uma multidão triste por sua morte. Será apenas mais um coitado com capacete velho e um 38 enferrujado jogado no chão, atrapalhando o trânsito.Teve infância, isso teve, tudo bem que sem nada demais, mas sua mãe o levava ao circo todos os anos, só parou depois que seu novo marido a proibiu de sair de casa. Ela começou a beber a mesma bebida que os programas de TV mostram nos seus comerciais, só que, neles, ninguém sofre por beber.

Teve educação, a mesma que todos da sua comunidade tiveram, quase nada que sirva pro século 21. A professora passava um monte de coisa na lousa -mas, pra que estudar se, pela nova lei do governo, todo mundo é aprovado?Ainda menino, quando assistia às propagandas, entendia que ou você tem ou você não é nada, sabia que era melhor viver pouco como alguém do que morrer velho como ninguém.Leu em algum lugar que São Paulo está ficando indefensável, mas não sabia o que queriam dizer, defesa de quem? Parece assunto de guerra. Não acreditava em heróis, isso não!Nunca gostou do super-homem nem de nenhum desses caras americanos, preferia respeitar os malandros mais velhos que moravam no seu bairro, o exemplo é aquele ali e pronto.Tomava tapa na cara do seu padrasto, tomava tapa na cara dos policiais, mas nunca deu tapa na cara de nenhuma das suas vítimas. Ou matava logo ou saía fora.Era da seguinte opinião: nunca iria num programa de auditório se humilhar perante milhões de brasileiros, se equilibrando numa tábua pra ganhar o suficiente pra cobrir as dívidas, isso nunca faria, um homem de verdade não pode ser medido por isso.

Ele ganhou logo cedo um kit pobreza, mas sempre pensou que, apesar de morar perto do lixo, não fazia parte dele, não era lixo.A hora estava se aproximando, tinha um braço ali vacilando. Se perguntava como alguém pode usar no braço algo que dá pra comprar várias casas na sua quebrada. Tantas pessoas que conheceu que trabalharam a vida inteira sendo babá de meninos mimados, fazendo a comida deles, cuidando da segurança e limpeza deles e, no final, ficaram velhas, morreram e nunca puderam fazer o mesmo por seus filhos!

Estava decidido, iria vender o relógio e ficaria de boa talvez por alguns meses. O cara pra quem venderia poderia usar o relógio e se sentir como o apresentador feliz que sempre está cercado de mulheres seminuas em seu programa.Se o assalto não desse certo, talvez cadeira de rodas, prisão ou caixão, não teria como recorrer ao seguro nem teria segunda chance.

O correria decidiu agir. Passou, parou, intimou, levou.

No final das contas, todos saíram ganhando, o assaltado ficou com o que tinha de mais valioso, que é sua vida, e o correria ficou com o relógio.Não vejo motivo pra reclamação, afinal, num mundo indefensável, até que o rolo foi justo pra ambas as partes.


ferréz

terça-feira, 1 de julho de 2008

Sonho de Sandra


mais um da série "como era verde meu pé de choise"... uma época em que eu já não me importava em ser compreendido...

Ela está só dormindo. Ela está na cama. Se seus pais levantarem e irem no seu quarto irão vê-la dormindo. A pequena Geovana em seu bercinho ao lado da cama da Sandra dorme tranqüila, pois sabe que a mamãe está bem ali. Já é bem tarde, Sandra dormiu cansada. Quando voltou da faculdade, Geovana ainda estava acesa e queria brincar, dormiu depois de horas e pouco tempo depois Sandra adormeceu também. E lá estava ela na cama, dormindo, de camiseta e calcinha (fazia calor nessa noite).
Todos sabiam que Sandra estava lá, mas ela sonhava, e sonhando ela estava longe, e ninguém nem sonhava onde Sandra poderia estar. Calor. O céu tinha um azul vivo, o sol bem alto e bem forte ofuscava nossos olhos. Estávamos em um vale, algo que Sandra nunca vira de verdade, só em filmes americanos, eles chamam de Canions, sim, nós estávamos em um Cânion, o sol estava forte, ela está sozinha andando no vale, está muito quente, estamos com sede, a boca seca, mas a sensação de liberdade é ótima. Sandra anda durante muito tempo (como pode ser curiosa a percepção do tempo em nossos sonhos), de repente escutamos um barulho, paramos e olhamos para trás, no horizonte uma grande nuvem de poeira vai subindo, e depois de algum tempo Sandra consegue identificar o que era aquilo, um enorme caminhão, um grande caminhão preto se aproximava em alta velocidade, e freia bruscamente parando a poucos metros de Sandra. Muita poeira é levantada e Sandra sente dificuldade em ver quem está dirigindo o caminhão, além da poeira, um vidro fume impede que ela enxergue o condutor... Sandra dá a volta no caminhão e podemos identificar uma carga curiosa, aquele caminhão está transportando vacas, muitas vacas, não pudemos definir o numero exacto, mas são muitas vacas, nos perguntamos de onde vinha esse caminhão, para onde ia, de quem eram essas vacas. Uma certa angústia invade o ser de Sandra e então ela resolva libertar as vaquinhas, ao tentar abrir a porta da caçamba, somos atingidos por um pedaço de carne crua, olhamos pra cima, o sol atrapalha nossa visão, mas alguém lançara em Sandra um pedaço de carne do alto de uma elevação rochosa, tomamos um grande susto, mas tentamos novamente libertar as vaquinhas e novamente um pedaço ainda maior de carne é lançado e quase nos atinge acertando a lateral do caminhão e outro e mais outro. Sandra se protege do lado da roda do caminhão. Mas já podemos perceber que várias pessoas estão jogando pedaços de carne, dezenas de pessoas jogam carne em Sandra. Ela se protege embaixo do caminhão, o sol está mais forte; ela quase não consegue abrir os olhos. Sandra pede socorro, parece estar chovendo generosos pedaços de carne. Sandra se pergunta quem está fazendo isso, quer saber o porquê, já estamos em prantos quando a chuva de carne parece ter passado, saímos devagar debaixo do caminhão, o sol não está mais tão forte, olhamos pra cima e não vemos ninguém, a carne lançada cobria todo o chão até o horizonte. Era muita carne. Sandra está se perguntando o que fora aquilo e antes de conseguir juntar todos os fatos e concluir que não entendera absolutamente nada, escutamos o choro de Geovana, e é momento de voltar pra cana. Madrugada. Calor. Geovana também está com calor. Sandra se lembra do seu sonho, balança a cabeça como que deixando essa lembrança pra trás, olha o relógio e são quase seis, sabe que não vai dormir mais. Agora só vou encontrar com Sandra amanhã, quando ela sonhar de novo. Adoro os sonhos de Sandra.