quinta-feira, 10 de junho de 2010

xico sá


vai escrever bem assim na puta que o pariu... um texto muito bonito do xico sá...

VOU ME ENTORPERCER BEBENDO VINHO, VELHO WANDER

Tava aqui batucando o “Jornal da Morte”, um romance à queima-roupa, meio jornalismo lítero-qualquer-coisa, literatura de oportunidade, pulp-fiction de verdade, cujo título é do samba-sangue-sangue-sangue cantado por Roberto Silva & Nação Zumbi... Tava aqui batucando e eis que acabou o combustível, frio da porra, desci para comprar vinhos argentinos, media noche, a R$ 10, 12, 13, 14,90 se muito, e vinhos ótimos, a menos que você seja um escroto que cheira a rolha, um escroto feito o Renato Machado...
Mas ao descer do prédio-vilazinha aqui da Fernando de Albuquerque quase cá Augusta...
Sempre um perigo nos ronda.
O perigo da hora não é o PCC, nem a escrota da polícia...
A da vez parece a de 2.046, Os Segredos do Amor de Wong Kar-wai, aliás... parece mais aquela dos vestidos do alfaiate mãos-de-tesouras estilosas, platonismo seda javanesa da porra, do curta que encaixado em “Eros”, sabe?
Uma puta quase à minha janela com os vestidos mais lindos do universo. Sim, duas ou três coisas me interessam: pés-sujos, álcool e estilo.
Sempre trato mui bem minha vizinhança, oi, como vai, que tal, que passa, buenas noche, conheço as putas, pago cerveja para alguns ladrões, do jogo, bem sabes.
Mas aquela mulher, com aquele vestido...
Voltei com o meu carregamento novo de vinho, ela estava ainda mais linda, a mais linda da cidade, como pode?, o Iboti quase às moscas, ela pisando a fria passarela da existência...
Aqui em casa, ela fez o Fashion-Week de verdade, Fashion-Week de cu é rola, estilo é outra coisa, estilo é Hemingway e amor gostoso e delicado e para siempre, o amor de muito, o amor que te espera com a elegância das calçadas!

quarta-feira, 2 de junho de 2010

capítulo 35


um trechinho do sensacional Guia do Mochileiro das Galaxias do Douglas Adams...

Naquela noite, quando a nave Coração de Ouro já estava a alguns anos-luz da nebulosa de cavalo, Zaphod descansava debaixo da palmerinha da ponte de comando, tentando consertar o cérebro com doses maciças de Dinamite Pangalática; Ford e Trillian discutiam num canto sobre a vida e questões correlatas; e Arthur, deitado na cama, folheava O Guia do Mochileiro das Galáxias. "Como ia ter que viver na tal da Galáxia, o jeito era aprender alguma coisa sobre ela", pensou.
Encontrou o seguinte verbete:

"A história de todas as grandes civilizações galáticas tende a atravessar três fases distintas e identificáveis - as da sobrevivencia, da interrogação e da sofisticação, também conhecidas como as fases do como, do por que e do onde. Por exemplo, a primeira fase é caracterizada pela pergunta: Como vamos comer? A segunda, pela pergunta: Por que comemos? E a terceira, pela pergunta? Aonde vamos almoçar?"
Neste momento o interfone da nave soou.
- Ô terráqueo! Está com fome, garoto? - Era a voz de Zaphod.
- É seria legal comer alguma coisa - disse Arthur.
- Então se segure - disseZaphod - que a gente vai dar uma paradinha no Restaurante Do Fim do Universo.