segunda-feira, 22 de março de 2010

A (necessária) vida embreagada.


"Devemos andar sempre bêbados. Tudo se resume nisto: é a única solução. Para não sentires o tremendo fardo do Tempo que te despedaça os ombros e te verga para a terra, deves embriagar-te sem cessar. Mas com quê? Com vinho, com poesia ou com virtude, a teu gosto. Mas embriaga-te.
E se alguma vez, nos degraus de um palácio, sobre as verdes ervas duma vala, na solidão morna do teu quarto, tu acordares com a embriaguez já atenuada ou desaparecida, pergunta ao vento, à onda, à estrela, à ave, ao relógio, a tudo o que canta, a tudo o que fala, pergunta-lhes que horas são: «São horas de te embriagares! Para não seres como os escravos martirizados do Tempo, embriaga-te, embriaga-te sem cessar! Com vinho, com poesia, ou com virtude, a teu gosto."

Charles Baudelaire - in "Spleen de Paris"

sábado, 13 de março de 2010

moonstomp

Aí, rapaziada. Os putos dos patrão da cidade só qué pagá menos de cem. E eu, que sô bandido, consigo pagá trezentos! Ou eu sô otário ou esses patrão são um bando de filha da puta, é ou não é?!?!

sexta-feira, 12 de março de 2010


"Li muitas vezes que a musica é uma realidade completamente distinta. Foi só nos últimos dias de vida do meu pai que comecei a compreender o poder da musica. Quase com cem anos, o meu pai começara a perder a noção da realidade. Devido à doença de Alzheimer, o seu discurso começou a ficar desconexo, os pensamentos isolados, a memória fragmentada e confusa. Quando a conversa começava a ficar dispersa colocava um CD de musica clássica de que ele gostasse, carregava no play e via a transformação.O mundo do meu pai passava a ser lógico e claro. Já não havia confusão, falhas, não ficava perdido e, o mais surpreendente de tudo, não se esquecia. Era um território familiar. Por vezes o meu pai respondia à beleza da musica chorando simplesmente. Como é que podia emocionar-se com esta musica se se tinha esquecido de todas as outras emoções da sua vida – a minha mãe, a minha irmã e eu em crianças, as alegrias do trabalho, da comida, do viajar e da família? Onde é que a música lhe tocava? Onde está a paisagem onde não há esquecimento? Como é que se libertou de outra memória, uma memória do coração que não está presa ao tempo ou ao lugar, aos acontecimentos ou mesmo aos seus amados?"

Carta de Kathryn Koubek a Oliver Sacks, in “Musicofilia” (Relógio D’Água)

quarta-feira, 10 de março de 2010

Quem nunca saiu na mão com a própria conciência?


Com exceção de um ou outro espírito de porco, ou melhor, de urubu, a nação rubro-negra está envergonhada. Bruno, goleiro do Flamengo, levou o maior frango da sua vida, pelo menos até agora. Outros virão. Ele é jovem. Bruno deixou passar entre as pernas a oportunidade de ficar calado. Bruno admitiu que “sair na mão” com mulher é normal, admissível e que ninguém deve meter a colher. Bruno é covarde. Bruno não sairia na mão com o Osvan, ex-zagueiro do Vasco. Mas do inexorável destino, ele não escapará e a vida, numa dessas esquinas do tempo, fará com que ele “saia na mão” com sua consciência, cedo ou tarde. Bruno não irá à Copa da África. Ele não tem futebol pra isso, hoje, é o terceiro goleiro do Rio atrás do Jéferson, do Botafogo, e de Fernando Prass, do Vasco. Do Brasil, ele é o 14º goleiro. Se Bruno fosse uma muralha, um craque, mesmo assim não iria à Copa. Dunga que tanto preza a disciplina, alegaria que lei Maria da Penha o impede de convocá-lo. Nesse momento milhões de flamenguistas sentem saudades de Raul Plasman. Este, sim, é um gentleman, ágil nas bolas rasteiras e decidido nas altas. Adriano também não irá à Copa. Levá-lo implica em novos esforços logísticos para a CBF. No hotel, seu quarto não poderá ter frigobar. O ônibus não poderá tocar CD de funk nem passar perto de Soweto, a mais famosa favela sul-africana. Se Dunga acha que Ronaldinho Gaúcho é a porta aberta para a Boate Confusão, Adriano é a boate aberta 24 horas por dia com vários louges numa rave interminável. Outro inconveniente é que nosso esquema tático não pode depender da variação de humor de Adriano. Por qualquer motivo, ele alega uma tristeza crônica, envolve sua profissão e a todos nós, ameaça parar de jogar como se isso afetasse até o PIB brasileiro. Ainda bem que Adriano é jogador de futebol e não piloto de avião: “Ah! Essas nuvens estão muito carregadas. Estou triste. Vou parar de pilotar.” Se quer parar de jogar, que pare! Precisamos de jogadores que joguem na alegria e na tristeza, na saúde ou na contusão. Precisamos de homens que se casem com a seleção e não esses que vivem enrolando a noiva.

jovane nunes é comediante dos melhores do mundo e fazia propaganda do supermercado... também é aquele personagem do olho gordo no zorra total...

terça-feira, 9 de março de 2010

poço dos desejos...

pros manos que amam demais...

roubei do orkut do joão... muito legal...

sexta-feira, 5 de março de 2010

galinha


"Basta compreender, e sobretudo ver e tocar as montanhas a partir de seus dobramentos para que percam sua dureza, e para que os milênios voltem a ser o que são, não permanências, mas tempo em estado puro, e flexibilidades. Nada é mais perturbador que os movimentos incessantes do que parece imóvel."
DELEUZE