quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Manhãs


Como se o fato pertencesse a uma outra vida. Uma vida de outra pessoa... Não a minha. Eu me sinto... separado de meu passado desde que ... não me lembro. Estou velho demais...


Ele acordou bem... Tinha dormido bem... Valium deixava tudo como devia ser... Ele sabia o quanto aquela sensação era artificial, sabia que voltaria a se sentir um lixo, e que passaria suas tardes chorando... mas ele não queria saber... O dia ia ser belo, mais belo que ontem...
Isso quase não acontece, nove e poucas da manhã, raramente ele acordava essa hora, ele gostava das manhãs, por serem tão raras. Padaria. Pediu um misto-quente com coca-cola, primeiro gole, devia ter pedido um guaraná. Na rua passa o Playboy, de skate... nem sabia que o Playboy andava de skate... Não que ele soubesse muita coisa da vida do Playboy, mas sempre que ele via o Playboy alguma coisa cabulosa acontecia. Tentou fingir que não viu, mas o Playboy mandou aquele sorriso, retribuiu um sorriso, Playboy gritou que já voltava. Não com um pouco de sorte... enfiou o resto do misto na boca, mandou um golão e saiu rapidamente da padaria, colocando os óculos de sol, se esgueirando como um ser da noite... Escondendo-se. Ele não precisava daquela interação com o Playboy. Só a presença do playboy já devia ser um mau presságio.
Será que o playboy iria mudar seu humor? Será que o hoje será melhor que o ontem? Será que ele precisa de outra pílula? Será que algo cabuloso vai acontecer?
E pensou como é bom se manter dopado... Mas nem tanto assim, voltou pra casa, fechou a cortina...se estirou na cama e pensou como é bom dormir pela manhã... o sorriso do Playboy ia desaparecendo em sua mente, enquanto ele ia caindo no sono... antes de dormir pensou no que ia almoçar, queria comer uma carne, talvez uns pastéis, e caiu no sono pra evitar a azia...

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