quarta-feira, 30 de setembro de 2009

menino preto III

ilustraçãomeramentefigurativaoufigurameramenteilustrativa do sempre belo malangatana



a saga do menino preto está longe de terminar... e nesse ponto da historia já podemos perceber que se trata de uma fábula sobre pessoas como eu ou vc e que poderiam estar em presídios ou em manicômios...





III


Ela falou em seu ouvido: A lua vai te guiar... e o sol sempre renovará e mudará os tons dos seus propósitos... o menino preto ainda tentava se acalmar do impacto primeiro de interagir com uma pessoa tão estranha, e o menino preto entendia um pouco e dentro de suas limitações o que significa ser estranho... e pensava sobre aquelas palavras com ares de profecia mas proferidas por pessoa tão bizzola bem que poderiam ser malditas, pragas... ela parecia ter um olho esquerdo morto, opaco com uma consistente camada de remela amarela em sua volta, e tinha uma enorme verruga em um enorme nariz com uma pele que parecia o couro de um animal bem feio e escroto... e já sabendo lidar com seus preconceitos e sua falta de experiência e traquejo social, o menino preto sorriu, ela devolveu um sorriso, mas sem dentes... e na cabeça cheia do menino preto e no coração agoniado foi impossível não achar que alguma coisa estava faltando, ela tocou seu ombro, e tinha unhas horrorosas, unhas compridas e grosseiras, sujas marrons pareciam garras, ou uma madeira envelhecida de uma arvore velha retorcida e horripilante... ofereceu ao menino preto uma maçã magnificamente bonita, e com muitas idéias fervendo em sua cabeça debaixo de um sol que já tinha decidido ficar escaldante, o menino preto quase dolorosamente lembrou da secura da sua boca e do calor insuportável que ele se concentrava para ignorar... ou a cor vermelhissima e a textura incrivelmente brilhante atingiram sua retina, e por conseguinte seu cérebro, de tal maneira, que o menino preto sentiu uma pequena vertigem... aquela velha que apareceu do nada, disse algo que ainda precisa encontrar o seu sentido, sorriu pra ele um sorriso podre... lhe deu algo que ele soube antes de comer, e no momento em que mordeu aquela maça... o suco escorreu pelo canto de sua boca e cada célula do seu corpo franzino sentiu a força da natureza na forma da melhor maça do mundo, refrescou-se...



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